Últimas actualizações de eventos

Deixe-me em Paz! II

Publicado em Atualizado em

Numa manhã de nevoeiro, um estranho de gabardine bateu à janela de um táxi e pediu:
  – Deixe-me em Paz!
  O taxista olhou perplexo para o estranho e retorquiu: 
  -Mas eu não lhe fiz mal!
  – Eu sei, mas quero que me deixe em Paz, a cidade.
  O taxista pôs o pé no acelerador e foi-se embora, porque tinha mais que fazer e não estava para aturar piadas secas.
  Não havendo mais táxis na praça, o estranho mandou vir outro através do telemóvel. Um novo carro parou perto dele e, de vidro aberto e braço de fora, o condutor perguntou:
  – Bom dia, foi você que pediu um táxi?
  – Sim, fui. Gostaria que me deixasse em Paz!
  – Ah, não precisa de ser indelicado. Eu só perguntei se tinha pedido um táxi. Passe um bom dia. – E arrancou deixando para trás uma nuvem de fumo.
  Mas que pouca sorte! Tinha de estar em Paz para uma reunião de negócios às dez da manhã, já eram nove e meia, e ainda não conseguira transporte para lá.
  Quando menos contava, parou ao seu lado uma furgoneta amarela e de lá de dentro ouviu-se uma voz feminina:
  – Por favor, não se importa de me dizer onde fica Paz?
  O estranho fixou-a satisfeito e não perdeu tempo a responder:
  – Farei melhor do que isso. Mostrar-lhe-ei o caminho. Deixe-me entrar que eu a levo lá.
   – Ah, eu agradecia. É que eu tenho uma reunião às dez e já estou atrasada. Ainda por cima, sou eu quem vai presidir à reunião e tenho estar lá antes de todos.

Alice Antunes, 3.º Ano

Deixe-me em Paz!

Publicado em Atualizado em

Estava a chover e as bombas caíam na calçada. O taxista esperava por clientes dentro do táxi, mas não havia ninguém na rua. Ele já tinha reparado que as pessoas não gostavam de sair à rua quando havia bombas a rebentar na avenida e, portanto, resignou-se a esperar. Mas, quando menos esperava, aproximou-se um estranho que pediu:

  – Deixe-me em Paz, se faz favor!

  – Como disse? Eu não lhe fiz mal nenhum! – defendeu-se o taxista.

– Deixe-me em Paz, a vila que fica do outro lado das montanhas. – explicou o estranho.

  – Ah, com certeza! Entre que eu levo-o lá!

  O táxi arrancou e o motorista perguntou:

  – Então, o que o leva a querer ir a Paz? Lá não se passa nada…

  – Não se passa nada? Não há bombas, não há pessoas a bater em pessoas, não há roubos ou discussões.   E nisso você tem razão, não se passa nada, mas veja bem… Lá temos escuteiros a cantar à volta da fogueira, piqueniques, jogos de futebol, torneios de pingue-pongue e jantares no restaurante. Não é isso bem mais interessante que uma guerra ou mais estimulante do que o crime nas ruas?

  – Mas essas coisas não passam nas notícias. Não têm gosto nem sabor…

  – Ora, meu caro senhor. Não tenho vontade nenhuma em aparecer nas notícias. Não quero ser entrevistado por me ter caído uma bomba no telhado. Ou por ter ficado sem a carteira enquanto fazia compras no shopping. Ou por ter partido uma vitrina de uma loja só porque me apeteceu. Quero paz e sossego. Portanto, deixe-me em Paz.

  E o taxista assim fez. Mas como não gostava de viver longe do barulho das bombas, regressou à sua cidadezinha. Uma semana depois, enquanto foi comprar o jornal à tabacaria, uma bomba caiu-lhe em cima do táxi. 

Turma B, S. Simão de Litém